Por que uma profissão existe? Começo esse breve texto com uma indagação. Talvez, a resposta mais óbvia seja que uma profissão existe devido às necessidades de uma sociedade. Sendo assim, quais as diretrizes que devemos seguir para alavancar uma profissão, que mesmo com tantas atribuições e contribuições não aspira a confiança e a respeitabilidade de muitos? Pois é, estamos falando da Educação Física. Isso mesmo, uma profissão que contempla várias áreas do saber e que paradoxalmente vem sofrendo sanções importantes por causa do perfil formador dos seus “representantes”. Nesse sentido, e seguindo do pressuposto da problemática encontrada, não precisamos mais apontá-los e sim desenvolver soluções para mudar a fisionomia da Educação Física.
Existe uma queixa generalizada da pouca iniciativa e comprometimento dos acadêmicos do referido curso, mas será que eles estão sendo estimulados da maneira correta? Sempre ouvimos nos corredores que os nossos estudantes não querem nada, não gostam de ler e escrever, não participam dos eventos científicos propostos, não vão aos congressos, entre outras coisas. Tentando entender um pouco essas questões, recorremos a Ruben Alves quando ele indaga: por que muito do conteúdo do segundo grau é esquecido pela grande maioria dos que já passaram por essa fase da vida? Exatamente porque não nos avisaram sobre a aplicabilidade daquilo supostamente aprendido para a nossa vida cotidiana e até mesmo profissional. Será que os nossos estudantes sabem realmente qual o papel da educação física nos mais diversos segmentos da sociedade? Por exemplo, como podemos explicar a aversão de muitos estudantes secundaristas de não quererem participar das aulas de educação física escolar? E qual o sentido de as escolas não darem tanta atenção para essa disciplina? Já que quando falamos dos três domínios do desenvolvimento humano, afetivo, cognitivo e psicomotor, a educação física é quem mais pode contribuir com esses domínios. E mesmo assim, não vem sendo um grande atrativo para os seus alunos. Então o que podemos fazer?
Uma condição importante e permanente é entender que a sociedade evolui e é dinâmica, então precisamos nos adaptar a cada mudança. O mesmo acontece com as profissões. Precisamos contextualizar com as novas necessidades que o vasto campo de atuação nos oferece. Isso é feito pensando em conteúdos que contemplem essas lacunas deixadas no passado. Precisamos da participação discente nesse processo, entendendo que eles são os principais interessados no crescimento da profissão. Essa condição parte do princípio de Paulo Freire que não há docência sem discência. Na verdade precisamos de uma intervenção contundente e moralizadora, pois só formando alunos melhores preparados teremos outra condição acadêmica e social perante a sociedade. Não podemos pensar apenas em ações que mascarem a nossa realidade. Precisamos pensar em um currículo atualizado, programas de iniciação científica para que o aluno seja estimulado a desenvolver produções acadêmicas, Criar grupos de estudos coordenados por professores para aprofundamento dos mais diversos temas contemplados pelo curso. Outra coisa que precisa ser pensado com urgência é a criação de conteúdos programáticos, assim como todos os outros cursos de licenciatura têm, para que o futuro professor de educação física possa ministrar nas suas aulas dentro da escola matérias que contemplem todo o conteúdo da Educação Física. Nesse sentido, as possibilidades de apenas oferecer práticas esportivas vai diminuir. Desse modo, o aluno vai ter uma direção e saber como, por que e para que ele está oferecendo aquele conteúdo.
A Educação Física precisa de reformulação urgente.
A.M. MOTTA, 2010
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