quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pensando sobre a Educação Física

Por que uma profissão existe? Começo esse breve texto com uma indagação. Talvez, a resposta mais óbvia seja que uma profissão existe devido às necessidades de uma sociedade. Sendo assim, quais as diretrizes que devemos seguir para alavancar uma profissão, que mesmo com tantas atribuições e contribuições não aspira a confiança e a respeitabilidade de muitos? Pois é, estamos falando da Educação Física. Isso mesmo, uma profissão que contempla várias áreas do saber e que paradoxalmente vem sofrendo sanções importantes por causa do perfil formador dos seus “representantes”. Nesse sentido, e seguindo do pressuposto da problemática encontrada, não precisamos mais apontá-los e sim desenvolver soluções para mudar a fisionomia da Educação Física.
Existe uma queixa generalizada da pouca iniciativa e comprometimento dos acadêmicos do referido curso, mas será que eles estão sendo estimulados da maneira correta? Sempre ouvimos nos corredores que os nossos estudantes não querem nada, não gostam de ler e escrever, não participam dos eventos científicos propostos, não vão aos congressos, entre outras coisas. Tentando entender um pouco essas questões, recorremos a Ruben Alves quando ele indaga: por que muito do conteúdo do segundo grau é esquecido pela grande maioria dos que já passaram por essa fase da vida? Exatamente porque não nos avisaram sobre a aplicabilidade daquilo supostamente aprendido para a nossa vida cotidiana e até mesmo profissional. Será que os nossos estudantes sabem realmente qual o papel da educação física nos mais diversos segmentos da sociedade? Por exemplo, como podemos explicar a aversão de muitos estudantes secundaristas de não quererem participar das aulas de educação física escolar? E qual o sentido de as escolas não darem tanta atenção para essa disciplina? Já que quando falamos dos três domínios do desenvolvimento humano, afetivo, cognitivo e psicomotor, a educação física é quem mais pode contribuir com esses domínios. E mesmo assim, não vem sendo um grande atrativo para os seus alunos. Então o que podemos fazer?
Uma condição importante e permanente é entender que a sociedade evolui e é dinâmica, então precisamos nos adaptar a cada mudança. O mesmo acontece com as profissões. Precisamos contextualizar com as novas necessidades que o vasto campo de atuação nos oferece. Isso é feito pensando em conteúdos que contemplem essas lacunas deixadas no passado. Precisamos da participação discente nesse processo, entendendo que eles são os principais interessados no crescimento da profissão. Essa condição parte do princípio de Paulo Freire que não há docência sem discência. Na verdade precisamos de uma intervenção contundente e moralizadora, pois só formando alunos melhores preparados teremos outra condição acadêmica e social perante a sociedade. Não podemos pensar apenas em ações que mascarem a nossa realidade. Precisamos pensar em um currículo atualizado, programas de iniciação científica para que o aluno seja estimulado a desenvolver produções acadêmicas, Criar grupos de estudos coordenados por professores para aprofundamento dos mais diversos temas contemplados pelo curso. Outra coisa que precisa ser pensado com urgência é a criação de conteúdos programáticos, assim como todos os outros cursos de licenciatura têm, para que o futuro professor de educação física possa ministrar nas suas aulas dentro da escola matérias que contemplem todo o conteúdo da Educação Física. Nesse sentido, as possibilidades de apenas oferecer práticas esportivas vai diminuir. Desse modo, o aluno vai ter uma direção e saber como, por que e para que ele está oferecendo aquele conteúdo.
A Educação Física precisa de reformulação urgente.

A.M. MOTTA, 2010

Ser Professor Universitário no Brasil

Infelizmente ser professor universitário no Brasil não é motivo para comemorações. Existem duas faces distintas dessa situação: o ensino público e o ensino “privado”. No primeiro ainda conseguimos manter um perfil de educador, para aqueles que assim entende o papel do professor, no segundo, existe uma relação “aluno”, ou será consumidor? E “professor”, ou será prestador de serviços? Infelizmente o nosso sistema educacional encontra-se na UTI, mesmo nos centros mais desenvolvidos do país a situação é bastante grave e complexa. Daí vem a pergunta: o que fazer?

De um lado o governo querendo acabar com o problema da educação liberando cotas e mais cotas, sem falar da vontade de privatizar as universidades federais. Como se essa fosse a solução para abolir a desigualdade educacional. Apenas uma atitude superficial que não irá resolver nada e criará outro problema, ou seja, pessoas melhores preparadas para encarar o ensino superior fora das boas escolas e outras que não tiveram um ensino de base de qualidade entrando nas boas universidades sem ter condições de acompanhar as matérias. Alertamos que os mesmos não têm culpa dessa situação vergonhosa. No entanto, o investimento deve recaí sobre o ensino médio e fundamental de forma imperativa, só assim pessoas de classes sociais distintas teriam oportunidades similares para concorrerem às vagas escassas das ainda boas e concorridas universidades federais. Não podemos abandonar a educação de qualidade, pois não conheço nenhum país desenvolvido no qual sua população não tenha acesso ao mínimo de preparo acadêmico. A própria história da humanidade mostra que após a segunda guerra mundial alguns países como o Japão se reergueram porque investiram pesado na educação e hoje é um dos países mais desenvolvidos em ciência e tecnologia em um espaço territorial tão pequenez que não reflete a sua grandeza.

Voltando para a questão principal, é fato que os professores dos centros privados se sentem coagidos em aplicar metodologias de ensino que de alguma maneira estimule o alunado estudar e cumprir com seus deveres acadêmicos, mas não podemos esquecer que o contexto social em que vivemos muitas vezes não permite que o estudante apenas estude e essa procura aumentada pelo ensino superior é uma exigência do mercado de trabalho que está mais seletivo em relação à mão de obra mais qualificada. Isso fez com
que muitas universidades particulares fossem abertas e acabaram se tornando grandes empresas que como qualquer outra o lucro é o objetivo principal, então precisamos manter alunos a qualquer custo. Até porque o processo seletivo conhecido como vestibular não passa de uma mera formalidade para o ingresso dos estudantes no ensino superior. Esse relato pode ser comprovado pelo baixo nível dos discentes nas salas de aula. Jovens que mal conseguem elaborar um parágrafo com coerência e com idéias organizadas. A parte gramatical é lastimável. Daí vem a pergunta, o que fazer nessa situação? Pois está bem claro que não devemos reprovar muitos alunos, se fizermos isso estaremos perdendo clientes para outras instituições. Ou seja, o professor corre o risco de ficar desempregado se não se moldar ao sistema. Ao sistema educacional hipócrita e falido. E o compromisso com a educação fica aonde? Infelizmente o máximo que as escolas estão conseguindo é “formar” técnicos. Não existe preocupação em fomentar a criticidade nos alunos, a pesquisa e a extensão. Temos que ensinar o aluno do ensino superior a ler e a escrever? Realmente é uma situação bastante difícil que requer muita boa vontade dos educadores, governo e sociedade para “curarmos” as mazelas da educação no nosso país.

Nas instituições públicas, nos deparamos com duas situações bastante distintas. Aqueles professores concursados que não estão muito preocupados com o processo ensino-aprendizagem, Se fortalecem na premissa de garantia do emprego eterno, ou seja, ninguém o tira do cargo vitalício até a aposentadoria. E nos deparamos com aqueles românticos e apaixonados pela profissão que tentam fazer o melhor possível para honrar a sua profissão, mas se deparam com as dificuldades, e que são muitas. Contudo o amor pela decência os torna pessoas realmente especiais que fazem a diferença no nosso tão importante e falido sistema educacional.
No entanto, é preciso acreditar em mudanças e lutar sempre em prol da educação. Esta instrumentaliza para vida e transforma uma sociedade. Pois suas ações suplantam a mediocridade e atinge uma gama muito grande de pessoas. Sabemos que os problemas são grandes, mas precisamos lutar por essa causa nobre sempre. Isso sim é relevante. Existe uma população muito grande no Brasil carente de livros e aprendizado. Então nossos queridos professores por opção e paixão não desistam nunca....... Estudar e ensinar valem muito a pena.
Motta, A.M., (2007).