A
Excitação Elétrica do Coração
1. A maioria dos
músculos só se contrai quando estimulado por um nervo (dito “motor”). Ao
contrário, no músculo cardíaco (miocárdio) os estímulos elétricos necessários
para as contrações originam-se no próprio coração.
Um coração
continua a se contrair mesmo depois de removido do corpo, se for mantido em
solução nutriente. No feto, o coração começa a bater muito cedo, antes mesmo
que apareça qualquer inervação para o coração. Dizemos que o coração é dotado
de automatismo.
2. A batida do
músculo cardíaco é iniciada por uma área especial do coração, chamado nó ou
nódulo sinoatrial ("sinusal"), localizado no átrio direito; ele
funciona como um marcapasso cardíaco. O marcador é composto de tecido nodal.
O tecido nodal é
único: pode despolarizar-se espontaneamente e iniciar seu próprio potencial de
ação, pode contrair-se como um músculo e pode ainda transmitir impulsos como um
nervo.
3. Do nó
sinoatrial, uma onda de excitação se propaga pelo átrio direito para o átrio
esquerdo. Cerca de 60-100 milissegundos depois do disparo do marcapasso,
impulsos estimulam uma segunda área de tecido nodal, a junção átrio-ventricular
(AV).
A junção AV
(antigamente conhecida como "nó AV", em desuso porque não é um ponto
específico) é a única ponte elétrica normal entre os átrios e os ventrículos;
consiste em fibras de condução lenta, que impõem uma diferença de tempo entre
as contrações atriais e as ventriculares, de modo que a contração atrial é
completada antes do início da contração dos ventrículos. Dizemos que as
sístoles atrial e ventricular estão "defasadas".
4. Da junção AV
(atrioventricular), o estímulo passa ao "Sistema His-Purkinje" (cujo
nome é uma homenagem ao seus descobridores), que produz contração quase
simultânea dos dois ventrículos.
Assim, embora o
coração seja funcionalmente dois órgãos - o coração direito e o esquerdo, ambos
batem simultaneamente.
O Sistema
His-Purkinje é formado por 4 componentes: tronco do feixe de His, ramo direito
e ramo esquerdo do feixe de His e as fibras de Purkinje, que se espalham pela
superfície subendocárdica de ambos os ventrículos formando um
"tapete" de fibras de altíssima velocidade de condução.
Cada fibra de
Purkinje toca a superfície de cada uma e todas as fibras ventriculares,
garantindo que todas as fibras ventriculares sejam convocadas para o trabalho
sistólico de modo simultâneo.
Esse sistema de
condução extracelular é continuum com o "sistema de condução
intracelular", altamente sofisticado como se verá adiante.
5. A junção AV -
única comunicação elétrica entre os átrios e os ventrículos pode ser superada
por vias anômalas de comunicação rápida entre átrios e ventrículos.
Tais
comunicações geram arritmias devido à pré-excitação ventricular. As mais comuns
são a síndrome de Wolff-Parkinson-White e a síndrome de Lown-Ganong-Levine. Em
ambas existem feixes de condução accessória, que ativam o ventrículo sem o
devido atraso juncional. Tais assuntos são estudados em “propriedades elétricas
do coração”.
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