segunda-feira, 21 de setembro de 2015



Termorregulação
A regulação da temperatura corporal é um processo fisiológico de extrema importância para manter a homeostase (estado de equilíbrio) e a manutenção da vida. Tanto o excesso de calor ou a escassez podem colocar em risco a vida se alguma providência imediata não for tomada (McArdle et al, 2011). As estruturas celulares e as vias metabólicas são afetadas por essas alterações.
Uma temperatura corporal acima de 45°C pode destruir as estruturas protéicas de enzimas, resultando em morte. Uma diminuição acentuada na temperatura corporal, abaixo de 34°C, pode causar uma lentidão do metabolismo e função cardíaca anormal, que leva a uma alteração do ritmo dos batimentos cardíacos, condição essa conhecida como arritmia (Powers et al., 2011)
A temperatura interna é fisiologicamente regulada para manter-se em certo nível. Geralmente essa flutuação não ultrapassa 1°C, exceto:
q  Durante exercício intenso e prolongado.
q  Doenças.
q  Condições extremas de calor ou de frio  
Quando esse controle térmico falha algumas complicações resultantes da flutuação da temperatura corporal interna podem ocorrer:
q  Hipertermia
q  Hipotermia
q  Desidratação
q  Hiponatremia (diminuição da concentração de sódio no plasma)
q  Morte
O corpo humano é sensível a diversas alterações, não apenas às alterações condizentes à temperatura corporal. Nesse sentido, o organismo possui um controle estreito para a manutenção da temperatura interna que é feito pelo hipotálamo.
O hipotálamo é o centro de controle da temperatura corporal e está localizado no encéfalo. Nessa região, existem neurônios (células nervosas) especializados que são sensíveis a modificações da temperatura corporal. O hipotálamo funciona como se fosse um termostato. Ele inicia um aumento da produção de calor quando a temperatura corporal diminui e aumenta a taxa de perda de calor quando a temperatura corporal aumenta. O aumento da temperatura do sangue e os receptores térmicos da pele são os mensageiros desse importante órgão. Quando acionado enviam e desencadeiam uma resposta para que a temperatura fique dentro dos limites compatíveis coma vida.
Mecanismos que regulam o calor: ativação.
a)    Receptores térmicos da pele
b)    Alterações na temperatura do sangue
Perda de Calor
            A perda de calor é um processo fisiológico fundamental para a manutenção da temperatura em níveis fisiológicos. Essa perda acontece via 04 mecanismos ou processos a conhecer:
a)    Radiação: transferência de calor sem que haja contato físico. Ocorre principalmente em repouso quando a temperatura cutânea é maior do que a temperatura de objetos próximos.
b)    Condução: transferência de calor com contato físico. Quando estamos com calor e deitamos em um assoalho frio vivenciamos esse fenômeno.
c)    Convecção: é a perda de calor transmitida para as moléculas do ar ou da água em contato com o corpo. Um exemplo clássico desse fenômeno é o ventilador ou quando corremos ao ar livre e podemos perceber aquela brisa “ajudando” a eliminarmos o excesso de calor produzido pelo corpo.
d)    Evaporação: é o mais importante meio de perda de calor durante o exercício. O calor produzido é transferido do corpo para a água sobre a superfície da pele.
Os três primeiros processos de perda de calor ocorrem quando há um gradiente de temperatura (gradiente térmico), ou seja, o calor se desloca de um corpo ou superfície de maior temperatura para um outro de menor temperatura. Nos seres humanos o gradiente é entre a pele e o meio ambiente.
Condições adversas relacionadas ao calor durante o exercício
            Lesões causadas pelo calor ocorrem principalmente quando nos exercitamos em intensidades e volumes mais elevados nos climas mais quentes e úmidos. A hipertermia é mais comum quando a temperatura aumenta acima de 40° a 41°C, onde podem ocorrem alguns sintomas: náuseas, cefaléia, tontura, diminuição da taxa de sudorese e confusão mental.
            A prevenção é a melhor maneira e a mais segura de evitá-la. Vejamos agora algumas medidas preventivas para evitar a hipertermia e suas complicações:
o   Exercitar-se no período mais fresco do dia
o   Diminuir a intensidade e o volume do exercício em climas quentes e úmidos
o   Utilizar roupas leves e que não prejudiquem a evaporação do suor
o   Hidratação antes, durante e após o exercício
O desempenho físico está prejudicado em ambiente quente, seja em atletas profissionais, em atletas amadores ou até mesmo em esportistas recreativos. Essa diminuição do desempenho que ocorre no exercício realizado no calor pode ser explicada pelo uso maior do glicogênio muscular (principal substrato energético para a contração muscular durante o exercício) e pelo aumento da produção de ácido lático que pode acarretar em fadiga precoce.
A aclimatação e o consumo de líquidos antes e durante o exercício parecem ser as principais estratégias para evitar complicações e aumentar a tolerância ao exercício em ambientes quentes (McArdle et al., 2011).
Quando praticamos exercícios físicos em ambientes quentes, o organismo precisa fazer uma série de ajustes fisiológicos com o objetivo de atenuar as complicações decorrentes do estresse térmico.
Nesse sentido, a elevação da temperatura central é o principal estímulo para promover a aclimatação ao calor, ou seja, quando nos submetemos a fazer exercícios físicos em condições de temperatura elevada sofremos algumas adaptações que ocorrem como resultado da aclimatação ao calor, tais adaptações são:
o   Aumento do volume plasmático
o   Início mais precoce da transpiração
o   Maior taxa de transpiração
o   Redução da perda de cloreto de sódio no suor
o   Redução do fluxo sanguíneo cutâneo
o   Aumento das proteínas de choque térmico nos tecidos
Essas adaptações costumam ocorrer em torno de 7 a 14 dias após a primeira sessão de exercício em exposição ao calor (Plowman & Smith, 2009). Da mesma forma que o organismo se adapta a diversas condições, essas adaptações podem ser perdidas quando não mais estimulamos o organismo a aquela condição. Sendo assim, a perda de aclimatação vai começar a ocorrer em poucos dias de inatividade, diminui significativamente em sete dias, ocorrendo uma perda completa em 28 dias (Powers & Howley, 2009).
Alguns pontos importantes precisam ser observados, como por exemplo, durante o exercício prolongado em condições climáticas moderadas, a temperatura central aumenta gradualmente acima dos valores de repouso, mas atinge um platô em aproximadamente 30 a 45 minutos. Já em condições quente/úmida, a temperatura central não atinge um platô e continua a aumentar. Portanto, o exercício prolongado nessas condições implica em um risco aumentado de lesão induzida pelo calor.
Da mesma maneira que o exercício no calor pode trazer complicações importantes à saúde dos indivíduos, o mesmo pode acontecer em climas frios (Powers & Howley, 2009). A aclimatação também ocorre ao frio e para isso é preciso que fiquemos expostos cronicamente. Em humanos parecem ocorrem pelo menos 03 adaptações fisiológicas importantes:
o   Diminuição da temperatura cutânea média (tremores começam)
o   A temperatura dos pés e das mãos tende a aumentar durante a exposição ao frio
o   Aumento da capacidade de dormir em ambientes frios.
Saiba mais!
            Etapas de como ocorre o resfriamento por evaporação:
  1. Aumento da temperatura corporal
  2. Glândulas sudoríparas estimuladas pelo sistema nervoso
  3. O suor é secretado sobre a superfície da pele
  4. Na evaporação do suor, o calor é perdido para o meio ambiente, o que diminui a temperatura corporal.
Você sabia?
            O mecanismo de evaporação do suor não é tão simples e depende de três fatores que influenciam diretamente a termorregulação:
  1. Temperatura ambiente e umidade relativa do ar
  2. Correntes convectivas em torno do corpo
  3. Quantidade de superfície cutânea exposta ao ambiente
A umidade relativa do ar pode ser o fator mais importante na taxa de perda de calor por evaporação, principalmente em temperaturas elevadas.
É importante frisar que nem sempre as taxas elevadas de sudorese garantem o resfriamento do corpo. Em um ambiente quente e com umidade relativa do ar elevada a perda de água pode se tornar inútil, contribuindo apenas para a desidratação. Nesse sentido, podemos concluir que a transpiração em si não resfria a pele; sendo a evaporação do suor que a resfria.
Sugestão de atividade:
Faça uma pesquisa nos principais livros de fisiologia do exercício, artigos ou sites especializados para tentar responder as seguintes perguntas:
1)    Quais as quatro vias principais para a perda de calor corporal?
2)    Qual dessas quatro vias é a mais importante no controle da temperatura corporal em repouso e durante o exercício?
3)    O que ocorre à temperatura corporal durante o exercício e por quê?
4)     Por que a umidade é um fator importante para a atividade no calor?
5)     O que você entende por aclimatação?
6)     É necessário aclimatar sujeitos não atletas? Justifique sua resposta.

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